segunda-feira, 28 de maio de 2007

De quanto você quer o recibo?

No último final de semana, estava viajando a trabalho e algo me deixou ainda mais intrigado sobre a corrupção na nossa sociedade. Como se faz em todas as empresas, eu precisava dos comprovantes dos meus gastos (combustível, alimentação e etc.) e isso me trouxe alguns constrangimentos.

Logo na minha primeira parada, para tomar um café da manhã, solicitei a nota fiscal ao balconista (algo que no meu entender não deveria ser preciso) que me fez a seguinte pergunta: “De quanto você quer o recibo?” Respondi que não tinha entendido a pergunta e ele voltou a me indagar: “Perguntei a você sobre o valor do recibo, de quanto eu faço?” Confesso que fiquei chateado e naquela hora da manhã não queria estragar meu dia, então respondi que o recibo era logicamente o mesmo valor que havia consumido.

Segui minha viagem e após uma manhã produtiva de trabalho, fui ao restaurante almoçar e tive mais uma decepção no momento de pagar a conta. Pedi a nota ao caixa e ele me fez a mesma famigerada pergunta: “De quando você quer o recibo?” Desta vez não agüentei e comecei a questionar o porquê disso e ele com olhar profundo de reprovação, balançando negativamente a cabeça e quase me chamando de otário, respondeu: “Na maioria dos casos é assim, por isso é que pergunto, as pessoas pedem recibos maiores para comprovar seus gastos, é normal.”

Caros amigos e leitores será mesmo normal situações como essas? Não quero aqui fazer nenhum discurso puritano, mas quem se submete a pequenos atos ilícitos assim, tem o direito de cobrar honestidade de nossos políticos? Outra reflexão, se as pessoas já se comportam desta maneira, o que está errado? Porque pequenas vantagens são aceitas e um escândalo que envolve milhões é execrado pela sociedade? Somos muitas vezes hipócritas ao aceitar algumas coisas e criticar outras que afinal são erros da mesma natureza?

4 comentários:

Anônimo disse...

Aí é que está, meu amigo. A "esperteza" está enraizada profundamente na sociedade, especialmente a brasileira. O brasileiro gosta de levar vantagem a curto prazo, e este é o comportamento típico dessa mentalidade pequena.

Brasileiro: tão criativo e competente, mas de mente tão pequena!

Weverton Gomes de Morais disse...

Marsal, com este post e os anteriores você reforça o que o Arnaldo Jabor disse tempos atrás: O povo brasileiro em si é corrupto. E, na minha opinião, cabe a nós que somos pais arrancar isso de dentro de nós mesmos para não passarmos tal prática para nossos filhos a fim de que, no futuro, essa prática possa ser extinta do nosso dia-a-dia.

Anônimo disse...

eu diria que vc é um hipócrita!

Marsal Melo disse...

Prezado Sérgio Miranda,

Apesar de você não acreditar, ainda existem pessoas honestas e de boa índole. Sei que chegará o dia em que pessoas terão vergonha de serem honestas e fazerem o correto, se é que já não estamos vivendo esses dias. Mas este não é meu caso, sempre respeitarei meus princípios.

Um abraço!